"Uma vez, tive um encontro com um empresário e um americano antropólogo. Cinema, grana, outros papos. O empresário e eu falamos sobre o Brasil para o gringo: "Eles...eles...eles". O Brasil estaria sendo destruído por "eles". Até que o americano não aguentou mais de curiosidade e perguntou: "Who are they?".
Parei, travado. Aí, descobri o óbvio triunfal: para mim, "eles" seriam os outros, as forças ocultas que desculpam a nossa omissão. Todos nós falamos da desgraça nacional como se fosse culpa de seres impalpáveis: o Congresso, o governo, os americanos, os jornalistas... Todos, menos nós. (...)
(...) No entanto, depois de tantos vexames de nossa burguesia secularmente sórdida, vemos que nossa miséria "pobre" é a ponta de uma miséria maior. Não existem um mundo limpo e outro sujo. Um infecta o outro. A burocracia é miséria, a corrupção é miséria, a estupidez brasileira é miséria. Somos uns miseráveis cercados de miseráveis por todos os lados."
Arnaldo Jabor.
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Quero ver quem paga pra gente ficar assim.
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